quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Castelo

Finalmente abriam a janela, tanto tempo presa...
agora eu podia respirar, apagar toda tristeza,
olhava para baixo de meu castelo, vazio como sempre!
O meu rosto era indagador.
Quem abriu a janela? Aquilo era perturbador.
Agora ardia no peito uma chama amarela,
sem querer acenderam uma vela, uma esperança.
Como uma criança, me coloquei a esperar por alguém.
Foram semanas, meses, ninguém.
Quem abriu a janela? Ainda não conseguia entender,
milagre ver a luz do dia, tão bela, só faltava você.
Quem abriu a janela e deixou o calor entrar?
Eu procurava, procurava e não conseguia encontrar.
Um dia, sem querer, olhei dentro de mim,
sorrindo vi a alegria que procurava sem fim,
E o amor? Onde estava?
Este só conheci quando me aconcheguei em seus braços.

Renata Moreira

Fora do tema

Cada vez que eu abria meus olhos,
havia a esperança de te ver,
longe da minha mente,
viajando até você.
Perdida no meio de minhas mentiras,
eu chegava até a acreditar,
poderia estar louca de vez,
mas a minha cabeça não queria parar.
Em meu peito uma chama ardia,
eu não conseguia te alcançar.
Era sempre a mesma agonia.
E cada sonho que tinha,
e cada verso que fazia,
e toda minha poesia,
fugia de qualquer tudo,
você estava em tudo.
Isso me torturava,
Pobre vício, eu não te deixava.
Até o dia que vim a saber,
que o único viciado era você.

Renata Moreira

Atração irrevogável

Lembro até hoje o dia em que a encontrei. Ou o dia em que ela me encontrou. No meio de tantos outros, alguns até bem melhores que eu, ela me escolheu. Seus olhos percorreram meu corpo e ela sorriu. Aquele sorriso, nunca mais o veria de novo. Pouco tempo depois, conheci sua casa. Pequena, mas adorável.
Depois disso, passei a vê-la todos os dias. Ás vezes, até mais de uma vez por dia. Mas parecia que ela não se importava tanto, nunca mais vi seu sorriso. Em compensação, ela sempre me agraciava com sua voz. Um pouco desafinada, mas apaixonante. Quase sempre cantava para mim e eu me contentava em ouvi-la.
Aprendi a decifrar seus sinais. Quando estava feliz, cantava, se não, mantinha  aquele silêncio angustiante, ou ás vezes, falava sozinha, como se eu não estivesse lá. Me irritava não poder fazer nada para alegrar seu dia, apesar de parecer que, de algum jeito, eu o fazia : Quando ela estava chateada, passava mais tempo comigo.
A vi chorar em silêncio, e isso me fez pensar que fosse seu melhor amigo. Estava enganado. Passei bastante tempo a assistindo ficar com homens, algumas vezes até na minha frente. Mas eu continuava lá.
Ela começou a inventar desculpas para não me ver mais, como o frio ou o compromisso com outro.
Chegou o Verão e, logo quando eu pensava que ela voltaria para mim, ela sumiu. Encontrou-me um dia de manhã e ficou longe por um tempo. Não sei exatamente quanto tempo, pareceu um século. Fiquei sozinho no escuro, não conseguia nem chorar. Estava Sol quando a vi de novo. Ela não me viu, no entanto. Apenas passou por mim e saiu de novo. Rezei que estivesse de volta permanentemente, mas ela manteve o mistério por algum tempo. Então, fiquei muito feliz quando voltou a me encontrar todos os dias. Seus cabelos longos e molhados me faziam delirar e até sua lista de músicas ficou melhor. Ela estava extremamente feliz agora.
Demorei para entender o motivo, mas logo vi a aliança em seu dedo. Dourada, brilhante, me enojava. Eu estava lá quando eles tomavam café da manhã juntos, apenas espiava de longe. Fingia que não ligava quando ele encostava em mim. Achei que aquele amor fosse eterno, mas não era. Apareceu no mercado uma nova versão e ela me substituiu. Gravei na memória a sensação de ter cada veia arrancada, uma de cada vez. Prometi a mim que nunca mais me apaixonaria. Tarde demais. Se longe dela não tinha felicidade, longe dos meus fios, não tinha vida. Vi seus olhos em meu ultimo suspiro. Posso dizer que morri feliz.

Roberta Moraes

Anjo da Morte

Ele estava ao meu lado, eu não conseguia falar
ele pedia ao bom senhor que me tirasse deste lugar
via homens de preto a me observar.
O bom menino perdido em seus sonhos,
remando o seu barquinho na direção do infinito,
seus olhos eram puro desespero,
me olhava exageradamente aflito.
Eu escutava barulhos estranhos,
Via tanta gente a chorar,
não conseguia entender porque de tanta tristeza.
Tentava abraçá-los e nada sentia.
Tentava gritar e ninguém ouvia.
Tentava chorar e nenhuma lágrima caia.
Anjos estavam a me esperar.
Foi só então que vi meu corpo enterrado,
jogado no meio de qualquer lugar.
O pobre menino ia embora em outra direção,
mas seu doce sorriso guardei em meu coração.


Renata Moreira

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Confusa..

Eu tenho andado muito irritada e não entendo o porque, é estranho, eu tenho tudo. É uma agonia estranha, que vai te torturando, torturando até você desistir de lutar contra ela, e você vai se guiando para o fundo de seus pensamentos mais cruéis, para o fundo de seus medos, suas derrotas, esses sentimentos vão te consumindo aos poucos, te corroendo e quando você abre os olhos, percebe que está sozinha. É uma grande estupidez da nossa parte pensar desta forma, porque sempre tem aquela pessoa que está do seu lado para tudo, e você afasta essa pessoa por achar que está sozinho,por começar a tratá-la mal em seus momentos de desespero,por simplesmente cair. Então, o que fazer? Porque esses sentimentos não saem de mim, esse silencio feito de agonias está me destruindo. Talvez se eu não tivesse você, já teria surtado, porque não sei o motivo disso tudo. Mas e quando se tem a base destruída? Quando sua cabeça diz uma coisa e seu coração diz outra? O que fazer? Então chega o momento em que você olha tudo a sua volta e vem a realidade, te mostrando que aquilo tudo era apenas ilusão da sua cabeça, que sua vida era maravilhosa e você não dava valor aquilo e quando você passa a dar valor, já é tarde de mais, você já afastou todas as pessoas que ama.


Renata Moreira 


domingo, 3 de outubro de 2010

Mal entendidos..

 Tem momentos que tenho vontade de explodir,eu não sou legal e feliz  o tempo todo e sei que você também não, mas existem limites. Algumas palavras machucam, me despedaçam vagarosamente, eu tento entender, tento não sofrer e apenas deixar de lado, mas eu não consigo, é algo meu. Se me machucam, eu sangro, eu choro, não sou de ferro, nem sobrenatural, muito menos um poço onde você pode cuspir cruelmente sua raiva e frustração, eu sou humana.As vezes é normal ficar triste,mas não é certo descontar nos outros,não é certo descontar em mim.Você me magoa sem saber. Sei que você me ama, sei também que não faz isso por mal, é algo natural, é algo seu, mas tenho certeza que isso você pode mudar, é só questão de escolha e paciência. Por amar você aguentei seus ataques, suas loucuras por todos esses anos, o problema é que chega uma hora que isso cansa. Ninguém gosta de ser maltratado. Nossos momentos de felicidade são poucos, mas são muito bons, talvez seja por isso que eu não te abandono, ou talvez porque sou muito burra e não tenho coragem. Só peço que não me maltrate, pois você é uma parte muito importante de mim.                                                        


Renata Moreira