sábado, 4 de dezembro de 2010

Doce Obsessão

Lá estava ela com seus grandes olhos negros, o anjo dos meus pesadelos,ela poderia abrir todas as portas do inferno se quisesse. Tinha todos em suas mãos,era cada sombra perdida em qualquer necrotério e cada grito de dor.Sempre no meio da noite ,no deserto,onde a neblina escondia toda sua solidão. A vítima insuspeita do vale,cheia de ódio, sem coração.Eu sentia tanto sua falta,há muito tempo não conseguia dormir.Nem cachaça curava minha constante angustia.Eu precisava de alguém e essa escuridão doentia e estranha me perseguia.
Andava arrastado pelos corredores, bêbado, louco,olhava para todos os lados a procura de suas lindas asas vermelhas. Haviam aranhas por toda parte, eu as contava, comiam suas próprias entranhas, carregavam seu desespero nas costas. Aranhas me enojavam a não ser pela lembrança de que elas a atraiam. Eu podia sentir sua presença,agora ela colocava todas as cartas do baralho na mesa.O meu sangue queria saltar pelas veias, as janelas começavam a estourar em seqüência,o barulho dos pedaços de vidro caindo no chão era ensurdecedor, ela estava tão perto de mim,aqueles seus olhos controlavam cada movimento meu, era impossível enganá-la, aproximou seus lábios dos meus,me entorpecendo com seu veneno,de repente, veio uma necessidade irracional de obedecê-la.Seu tom de voz era maligno, era pura traição. Mas eu não ligava, apenas a queria em meus braços .Tentei unir seu corpo ao meu e a caixa de som explodiu, aquilo me deixou assustado. Ela abriu a geladeira a procura de algo,abriu uma caixa cheia de M&M e bananada, tacou no chão enfurecida. Me olhou maliciosa,não sei como, mas fui parar no meio de uma floresta, ela me beijava loucamente, me sentia no céu,e ela ainda perdia seu tempo comigo, ela era a única voz em minha mente. Eu era completamente seu e agora ela era minha, pude me sentir completo, eu a tinha em meus braços. Não conseguia acreditar. Me hipnotizava, me arranhava delicadamente. Começou a me apertar, aquilo era bom. Então acordei,estava em meu quarto,andei calmamente até o banheiro,o chão estava molhado, as aranhas me seguiam. Senti uma vontade de gritar quando olhei para o espelho, meus olhos sangravam, meus braços haviam sido decepados e o meu sangue se espalhava por toda parte, pude observar enquanto as letras se formavam no espelho: "Agora sempre vou estar em seus braços" ela apenas sorria para mim e desaparecia pela parede.

Renata Moreira